O bruxismo é uma atividade repetida dos músculos da mastigação, conhecido como o apertar ou o ranger os dentes, culminando em efeitos deletérios na dentição (desgaste dentário), no periodonto, nos músculos mastigatórios e na articulação temporomandibular.
FATORES DE RISCO
- distúrbios do sono ou parassonias
- a síndrome da apneia do sono e doenças respiratórias
- perfil/comportamento: ansiedade, medo, raiva, prática de desportos de competição.
A apneia do sono e as doenças respiratórias são o principal fator de risco do bruxismo, isto porque estes pacientes acordam mais vezes (por obstrução das vias aéreas superiores) e tendem a ter mais microdespertares, aumentando assim os episódios de bruxismo.
Em relação os distúrbios do sono ou parassonias existe uma relação estatisticamente significativa entre estas variáveis e o bruxismo:
- quantidade de horas do sono (<8h)
- os estímulos de luz e/ou ruídos no quarto
- o ronco habitual
- sonilóquio; pesadelos e problemas respiratórios
Existe também uma relação estatisticamente significativa entre o perfil/comportamento do paciente e o bruxismo:
- ansiedade
- sentimentos de medo e raiva
- adultos muito exigentes ou crianças com pais muito exigentes
- desportos de competição
Nas crianças, o desgaste provocado pela atrição fisiológica é considerado normal entre 3/5 anos e a prevalência do bruxismo diminui com a idade, por volta dos 9/10 anos. No entanto, é importante monitorizar as crianças, pois pode haver crianças que desenvolvam sinais e sintomas de disfunção temporomandibular (DTM) o que pode estar associada à dor muscular e à limitação da abertura da boca.
Diagnóstico
Apertar/ranger os dentes em combinação com pelo menos um dos seguintes sinais: desgaste dentário excessivo; ruídos associados ao bruxismo e desconforto nos músculos da mastigação.
O diagnóstico definitivo de bruxismo tem de ser confirmado em complemento da anamnese, do questionário e do exame clínico com o estudo da PSG.
Como MD, muitas vezes, não vamos tratar o bruxismo, mas sim os efeitos do bruxismo: dentição, ATM e músculos. Contudo, é importante sermos capazes de identificar a sua etiologia.
Tratamento
O bruxismo exige um tratamento transdisciplinar: cirúrgico, dentário, farmacológico, etc…
É importante garantir as melhores condições de sono (qualitativo e quantitativo), bem como de dia, estar atentos às emoções e evitar stress, ansiedade ou preocupação desnecessária, para prevenir ou eliminar o bruxismo.
Referências Bibliográficas:
Cabral, L. et al. (2018). Bruxismo na infância: fatores etiológicos e possíveis fatores de risco, FOL, 28(1), pp.41-51
Chisini, L. et al. (2020). Interventions to reduce bruxism in children and adolescents: a systematic scoping review and critical reflection, European Journal of Pediatric, 179, pp.177-189
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Rédua, R.et al. (2019). Bruxismo na infância – aspetos contemporâneos no século 21 – revisão sistemática, Full Dentistry in Cience, 10, pp. 131-137