A hipomineralização incisivo-molar é uma alteração da estrutura do esmalte bastante frequente.
A forma de os pais relatarem esta condição é dizerem “os dentes do meu filho, quando nasceram, já vinham assim”.
Afinal o que são?
É um defeito da estrutura do esmalte de origem sistémica, que afeta de um a quatro 1os molares permanentes, e que também pode afetar os incisivos permanentes, principalmente os superiores. No entanto, estes pacientes tanto podem ter os quatro 1os molares permanentes e os oitos incisivos afetados, como podem ter apenas um 1o molar permanente e um incisivo permanente afetado, sendo que têm ambos a mesma doença, mas com expressão e gravidade diferentes.
A sua origem resulta durante a amelogénese, numa disfunção dos ameloblastos em maturar o esmalte. Clinicamente verificam-se manchas (opacidades) na superfície dentária, que podem ter coloração branca leitosa, creme, amarela ou acastanhada, principalmente na região dos 2/3 mais incisais ou dos 2/3 mais oclusais. Quanto mais escuros forem os defeitos, mais fraco é o esmalte.
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A superfície do defeito é relativamente lisa (não existem irregularidades – “covinhas” –, como nas hipoplasias), permitindo verificar que o defeito se deve a uma falha da maturação da matriz e não da deposição. Em alguns pacientes, podem existir irregularidades, no entanto, essas não estavam presentes aquando da erupção dos dentes – são fraturas pós-eruptivas. O esmalte, como é frágil, poroso e pouco resistente, fratura, mesmo com as cargas oclusais.
A prevalência desta doença varia entre os 4 e os 25%.
O principal problema desta condição é, nos molares, a elevada sensibilidade (pela porosidade) e susceptibilidade à fratura, e nos incisivos, é a estética.
O risco de cárie é bastante aumentado, dado terem pouco conteúdo mineral, sendo que as bactérias atingem facilmente as zonas de fratura. Para piorar, como a sensibilidade é grande, o simples estímulo mecânico da escovagem provoca dor, pelo que as crianças deixam de escovar com tanta regularidade.
Uma particularidade deste problema é que, quantos mais molares estiverem afetados, maior é a probabilidade de haver também defeitos nos incisivos e mais graves serão esses defeitos.
Esta doença distingue-se da amelogénese imperfeita pelo facto de não atingir ambas as dentições nem todos os dentes.
Fatores etiológicos
Os fatores etiológicos mais comuns da hipomineralização incisivo-molar são:
- Diabetes ou pirexia materna, náuseas e vómitos tardios;
- Nascimento prematuro ou baixo peso ao nascimento (menos de 2,5 kg), parto prolongado;
- Infeções das vias aéreas superiores, asma;
- Fibrose quística;
- Otite média e amigdalites;
- Doenças exantemáticas;
- Doença celíaca;
- Distúrbios gastrointestinais;
- Défice nutricional;
- Síndrome nefrótico;
- Intoxicações por chumbo;
- Radioterapia;
- (…);
O tratamento de uma criança com hipomineralização incisivo-molar é complicado. As principais razões são:
- A cárie nos 1os molares afetados progride muito rapidamente – pela porosidade e pelo baixo conteúdo em cálcio;
- A anestesia é difícil – pela facilidade da transmissão dos estímulos, há uma inflamação pulpar crónica subclínica e torna-se difícil a anestesia atual;
- Difícil determinar a quantidade de estrutura de esmalte afetado a remover;
- Há uma repetida destruição marginal das restaurações, pela difícil adesão.
De acordo com a severidade das manchas pode ser realizado como tratamento: a microabrasão e microinfiltração com resina (ICON), branqueamento dentário, restaurações ou facetas em resina composta e facetas ou coroas cerâmicas (após adolescência).
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